“Estou indignado”, diz Chiquinho sobre o número de multas aplicadas pelos agentes de trânsito

por admin última modificação 08/03/2018 20h46
Foram 972 autuações em 80 dias, sendo que 59 condutores receberam multas do próprio diretor do Detracan; Vereadores se manifestaram sobre o assunto

Desde que iniciou a fiscalização ostensiva do trânsito e do uso regular das vias da cidade por parte dos agentes de trânsito em julho deste ano, canoinhenses têm se manifestado contrários às formas de abordagens feitas pelos profissionais e também a rigidez na aplicação de multas.

Já no primeiro mês de atividades dos agentes, o diretor do Departamento de Trânsito de Canoinhas (Detracan), Lorival Schipitoski, esteve na Câmara para prestar esclarecimentos sobre as competências dos profissionais e as ações que vinham sendo desenvolvidas nas ruas.

Na oportunidade, ele disse que o diálogo vinha sendo uma prática comum junto aos transeuntes, mas que isso não remetia a omissão da autoridade diante de situações em exigiam autuações. “Os poderes de polícia servem para conter abusos de interesse individual”, frisou à época.

Vereadores realizaram diversos questionamentos, pediram “bom senso” no momento das abordagens e que ainda fosse dada continuidade ao trabalho de orientação dos motoristas, ao invés de já puni-los com multas.

Ao ocupar expediente na sessão ordinária de terça-feira, 15, vereador Chiquinho da Silva (PMDB) afirmou que a solicitação da Câmara, infelizmente, não havia surtido efeito.

Tendo em mãos ofício assinado pelo diretor do Detracan e que respondia a requerimento de sua autoria, o vereador disse estar assustado com o elevado número de multas aplicadas pelos agentes de trânsito no período de 10 de julho e 30 de setembro deste ano. “Estou indignado”, disparou.

Pelo documento foram 972 autuações em 80 dias. Isso dá uma média diária de 12,15 multas. Só um dos quatro agentes autuou 305 vezes. Até o diretor o Detracan multou 59 condutores. “Parece que as gráficas estão trabalhando bastante para fazer tantos blocos de multas”, ironizou o vereador.

Ainda de acordo com o ofício, nesse mesmo período a Polícia Militar, com efetivo bem maior nas ruas, aplicou 508 autuações, que dá uma média diária de 6,35.

Chiquinho falou ainda que se fosse hoje, votaria contrário ao projeto que criou os cargos de agentes de trânsito. “Não há tolerância, como acontece em outros locais. Está sendo um ponto negativo para a cidade. E, imagina agora, com o final de ano, com a movimentação maior de veículos no centro, a quantidade de multas que irá aparecer”, desabafou.

Manifestações

Outros vereadores também se manifestaram sobre o assunto abordado por Chiquinho.

Vereador Paulo Glinski (PSD) fez um comparativo entre o trabalho da PM e dos agentes. “A Polícia Militar está nas ruas 24 horas, em diversos pontos do município e aplicaram menos multas de que os agentes, que atuam horário menor e praticamente só na região central da cidade”, comentou.

Para ele, os números apresentados pelo Detracam demonstram que existe a “indústria da multa” em Canoinhas e que os agentes de trânsito estão trabalhando, basicamente, para a empresa que explora o estacionamento rotativo. “E nas ruas, onde estão acontecendo as obras do saneamento, não tem ninguém fiscalizando e nem orientando o trânsito”, alfinetou.

O vereador não descartou a possibilidade de a Câmara propor projeto de lei modificando as atribuições dos agentes de trânsito.

Presidenta da Câmara, vereadora Cris Arrabar (PT) classificou os números como sendo uma vergonha e ainda questionou a competência do diretor do Detracan em autuar os condutores. “Desde quando o Lorival (Schipistoski) é agente para poder multar alguém? Ele está lá é para administrar o departamento, tratar da organização”, criticou.

Ainda de acordo com a vereadora, se a intenção do município era instituir a “fábrica de multas”, a meta foi pensada, alcançada e alguém deve estar recebendo bonificação por ela.

Segundo Wilmar Sudoski (PSD), os cargos de agentes foram criados para organizar o trânsito, mas isso não vem acontecendo. “Não existe bom senso em nada”, ressaltou, ao se referir a atuação dos profissionais.

Já Cleverton Durau (PR) disse que, ao invés de o Detracan se preocupar em apenas multar os canoinhenses, deveria é cuidar da sinalização da cidade que está precária, tanto no centro como nos bairros. “Só querem cobrar, mas não querem fazer nada”, repudiou.

Ele propôs ainda retificação na lei que implementou o rotativo, para que o condutor flagrado sem o cartão de estacionamento e que foi multado, possa adquirir um bloco com um dos vendedores e ter sua autuação anulada.

João Grein (PT) criticou os abusos que vêm sendo praticados e ainda sugeriu uma conversa dos vereadores com o Executivo Municipal e o diretor do Detracan, a fim de que sejam realizadas mudanças de comportamento por parte dos profissionais. “Podemos dar um prazo de 30 dias para ver se existirá avanços, caso contrário tomaremos outras providências”, propôs.

Célio Galeski (PSD) lembrou que sempre foi contrário ao projeto de lei que criou os cargos de agentes e que na legislatura passada a matéria havia sido rejeitada pela Câmara.

Falou ainda que antes do lançamento de edital de licitação para a contratação da empresa que iria explorar o rotativo nos próximos anos, havia feito duas sugestões ao Executivo Municipal: a tolerância de 10 minutos no estacionamento e o perdão das infrações com a compra de novos cartões. “Mas infelizmente fui voto vencido”, garantiu.

Galeski solicitou o encaminhamento de requerimento ao Detracan questionando os valores arrecadados com as multas até agora e de que forma acontece o rateio pelo convênio de trânsito.

Gilmar Martins, o Gil Baiano (PSDB) explicou que a Câmara, ao aprovar o projeto de lei que criou os cargos de agentes, tinha a intenção de colaborar com a organização do trânsito e não gerar mais um problema. “Até parece que eles (agentes) têm mais autoridade que um policial militar”, finalizou.

 

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