Médico aponta irregularidades na Saúde e se diz vítima de perseguição política

por admin última modificação 08/03/2018 21h19
Dr. Wagner Trautwein ocupou a tribuna livre da Câmara e disse que “foi convidado” a não prestar mais atendimento na Apoca

Declarações do médico Wagner Trautwein durante sessão da Câmara, na noite de terça-feira (26), prometem acirrar ainda mais a já estremecida relação que o profissional mantém com a Secretaria Municipal de Saúde. Ao ocupar a tribuna livre, o médico que é delegado do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (Cremsc), apontou irregularidades na Saúde do município e se diz vítima de perseguição política por parte do atual governo.

As longas filas de espera e a qualidade dos serviços médicos oferecidos no Pronto Atendimento Municipal foram bastante combatidas pelo profissional. Ele relacionou os problemas à terceirização dos serviços iniciadas a partir de 2008. “Perdeu-se o controle! Se for para fazer um levantamento, nem o próprio PA sabe informar quais foram os médicos que atuaram no mês. A cada dia é um profissional diferente consultando, sem identificação com as pessoas, com a cidade. A terceirização pode ter trazido economia, porém, a competência e a qualidade ficaram em segundo plano”, frisou.

Trautwein também citou casos onde médicos atuavam no PA sem possuir o registro profissional no Estado. Ele disse que protocolou denúncias no CRM e, posteriormente, a prefeitura foi atuada pelo Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina. “Fiz isso para proteger a sociedade contra a má medicina. E, por este motivo, comecei a receber perseguição política”, afirmou.

Intervenções políticas, segundo o médico, também estariam ocorrendo no Hospital Santa Cruz. Ele disse que há alguns meses um médico especialista da Unidade de Terapia Intensiva foi demitido como forma de represália. Em seu lugar assumiu outro profissional, mas sem especialidade. “A UTI ficou dois meses sem ter um especialista. Houve oportunidades em que este médico saiu do local e foi almoçar e isso não pode. Se é intensivista, tem que permanecer no hospital. A situação só foi normalizada com a volta do antigo médico”, relatou. 

Outra denúncia feita pelo médico diz respeito aos exames de endoscopia feitos através do Cisamurc. Trautwein lembrou que o profissional credenciado é diretor técnico da Secretaria Municipal de Saúde e não possui especialidade para realizar o procedimento. “Isso infringi quatro artigos do CRM. Eu, por exemplo, não aceito os exames feitos por este profissional”, ressaltou. O médico também fez menção ao aparelho de endoscopia que desde janeiro de 2008 está encaixotado. “Corre-se o risco de quando colocarem ele em operação já apresente problemas de funcionamento. E pior, a garantia de dois anos já venceu”, completou.

Acordo entre a direção do HSC com o corpo clínico definiu, recentemente, que as assistências médicas de especialistas do sobreaviso seriam vendidas aos demais municípios da região. Tanto os médicos, quanto o hospital, receberiam de forma igualitária pela prestação dos serviços. “Todos sairiam ganhando. Porém, hoje recebi a informação de que eu e mais um médico fomos excluídos do quadro. Em nosso lugar entrou um profissional que não possui especialidade. Tenho convicção de que questões políticas voltaram a interferir”, denunciou.

Durante seu pronunciamento, o médico fez questão de esclarecer que só deixou de atender na Apoca por intervenção da Secretaria Municipal de Saúde. “Fui convidado a não prestar mais atendimento na Apoca”, disse. Ele apresentou aos vereadores cópia do comunicado interno assinado pela secretária municipal de Saúde, Telma Regina Bley, em 30 de novembro de 2009. Nele, ela informava ao médico de que a partir do outro dia já não seriam necessários mais os seus serviços. Na época, Trautwein prestava atendimento na Policlínica Municipal e estava à disposição da entidade. “Depois desse fato eu solicitei minha licença sem vencimento do quadro efetivo”, comentou.

Vereador Tarciso de Lima (PP) disse que a informação dada pelo médico foi esclarecedora. “Todos nós sabíamos que era o dr. Wagner que não queria mais atender. Mas, agora, a verdade veio a tona”, enfatizou. Vereador Beto Passos (PT) também saiu em defesa do médico, repudiou as perseguições políticas e propôs, por meio de requerimento, a realização de um amplo debate. O documento, aprovado de forma unânime pela edilidade, convida o diretor do Hospital Santa Cruz, Derby Fontana, para prestar esclarecimentos sobre as acusações feitas pelo médico. O diretor deverá usar a tribuna livre da Câmara na próxima segunda-feira (02). Trautwein também se fará presente.

 

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